PRINCÍPIO DA SEMANA #128

Ve.re.mos |ver |ê| -(latim video, -ere)- Exercer o sentido da vista sobre; Olhar para; Presenciar, assistir a; Avistar; Imaginar; Fantasiar; Calcular; Supor; Ponderar; Inferir; Deduzir; Prever; Escolher; Percorrer; Provar; Conhecer; Olhar-se; Encontrar-se; O acto de ver.

Há sempre muitas coisas que queremos ver. Ver a acontecer. Sonhos, desejos, conquistas. Sejam físicas e materializáveis ou do foro mais psicólogico, existem sempre. Neste conjunto de coisas temos as espectativas e/ou assuntos por resolver, e os projectos a concretizar. Sejam de que matéria ou campo forem. O princípio de um novo ano força-nos a tomar uma consciência ainda maior disso mesmo. Obriga-nos a ver. Algo que existe num calendário que não é o nosso interior, e sim universal, impõe-se sobre nós como e num sentido mais bélico, uma espada em cima da cabeça. Aquela que não não há olhos que não consigam não ver. E, a par dos desejos que temos, que escrevemos ou apenas interiorizamos existem todo um conjunto de "veremos". Veremos se sim, veremos se não. Veremos se acontece, veremos se não acontece.

Este é um termo que uso muito e a maior parte das vezes num sentido bastante irónico. Também serve |e muito bem|, esse fim|. Mas este 'veremos', ou vamos ver, como a maior parte de nós diz, também nos dá alguma desresponsabilização no sentido de parecer que não depende de nós o que vai acontecer. E sim, de facto, há muitas coisas que não estão apenas nas nossas mãos e muitas vezes até estão mais nas mãos de 'terceiros', mas se nos envolve, de alguma forma, existe sempre algo que podemos fazer. Isso é sempre aquilo que acredito e como em tudo aquilo que acredito ponho em prática. Este existir sempre algo que podemos fazer, pode até ser não fazer absolutamente nada. O que por si só já é, ao contrário do que possa à partida parecer, fazer muito e bastante mais difícil do que fazer alguma coisa. Sobretudo para pessoas de acções, que são de fazer e acontecer.

A verdade é que não podemos estar simplesmente à espera que o tempo resolva ou nos dê as respostas que tanto queremos por si. Porque ao contrário da frase, o tempo dir-te-á, ou o tempo mostra-nos tudo, não é o tempo. De todo. O tempo por si só não faz nada. Não resolve. São e sim as acções e o que nós fazemos, ou não, durante esse mesmo tempo que sim nos mostra aquilo que precisamos de ver e fazer. E se por um lado tudo é possível de acontecer, não há ninguém, seja a 'entidade tempo', ou quem for que nos resolve seja o que for. E estar á espera desse praticamente acto divino é pura ilusão. É o ser avestruz no sentido literal da palavra. E nós se não nascemos em forma de struthio camelus, foi por algum motivo. É porque de facto não o somos. E, não há nada que possamos fazer de pior do que tentarmos ser algo que não somos e derivante disso tentar ter uma vida que na verdade sabemos, que não é a que queremos. Logo não é a nossa. |Simples assim|. ➸

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